Uso do Raio-X exige cuidados especiais.
Pesquisa revela que brasileiros estão sendo expostos sem necessidades à radiação...
O
uso do Raio-X é o principal responsável pela exposição da população a
fontes artificiais de radiação, segundo pesquisa realizada pela revista
“Radiologia Brasileira”. Ao todo, foram realizados cinco estudos que
reúnem dados de hospitais dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro,
Minas, Paraná e Pernambuco. No entanto, a exposição excessiva não é
apenas um problema brasileiro: segundo relatório da Organização das
Nações Unidas (ONU) divulgado no mês passado na cidade de Genebra,
países com elevados níveis de tratamento de saúde são os mais propícios
ao problema. Entre as razões dos danos causados pela radiação estão os
maiores números de exames feitos sem necessidade, equipamentos
radiológicos descalibrados e antigos, e funcionários mal treinados que
não sabem aplicar as “doses” de radiação correta.
“O
que ocorre é que uma exposição prolongada aos raios-X pode ser
extremamente danosa ao organismo humano, pois provoca a destruição de
suas células e até pode causar mutações genéticas responsáveis pelo
câncer”, explica o professor de Física médica da Unesp de Botucatu, Joel
Mesa Hormaza.
Hormaza afirma que os danos causados pelo uso inadequado da técnica de raio-X podem ser irreversíveis ao organismo humano. “Os
efeitos da radiação dependem da dose recebida. Quando é localizada
sobre determinado órgão, pode destruí-lo ou lesá-lo. É comprovado que a
exposição prolongada à radiação ionizante pode provocar doenças como
anemia, leucemia, câncer de pele, câncer ósseo, tireóide etc”, completa.
O professor da Universidade de São Paulo (USP) e diretor do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Giovani Guido Cerri, explica que os exames são necessários e o dever do profissional é garantir proteção aos pacientes. “A
utilização desse tipo de radiação representa um avanço da medicina,
porém requer que as práticas sejam efetuadas em condições de segurança
totais. É dever da instituição que fornece o serviço garantir proteção
radiológica aos pacientes, profissionais e ao público em geral”, aponta.
Além
dos cuidados especiais com o manuseio dos equipamentos, que deve ser
feita com instrumentos de rádio-proteção, os hospitais e clínicas devem
se preocupar também com as barreiras feitas de materiais que sejam
capazes de absorver radiações, as chamadas blindagens, como painéis e
portas com miolo de chumbo, um tipo de metal indispensável em trabalhos
que envolvam materiais radioativos ionizantes.
Entre
os exames que mais emitem radiação ionizante está tomografia
computadorizada, vista no meio clínico como um dos maiores avanços da
medicina por possibilitar imagens muito mais nítidas. A quantidade de
radiação pode chegar a ser dez vezes superior à emitida pelos aparelhos
convencionais. No entanto, novos tomógrafos já estão sendo fabricados
com softwares que modulam a dose adequada de radiação de acordo com tipo
físico de cada paciente.
Não
há um limite para a quantidade de radiografias e tomografias feitas por
pessoas. No entanto, os médicos aconselham uma média de cinco por ano.
“Esse número é uma média para adultos e crianças, uma vez que o aparelho é ajustado conforme peso e idade, de modo a nivelar as emissões de radiação”, explica Giovani Cerri.
No
entanto não há motivos de alarde. No geral, os benefícios superam os
riscos. “Perigos existem sim, mas cabe à mídia o papel de também
ressaltar as utilidades desse tipo de tecnologia. Não basta apenas
apontar os riscos e não comentar os benefícios que, por sinal, são
superiores aos danos”, conclui o professor Cerri.
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